quinta-feira, 3 de maio de 2012

Galo na Veia: bom para o Atlético, bom para "poucos"

O Atlético lançou nesta quinta-feira, na sede de Lourdes, o tão aguardado projeto sócio torcedor, que era especulado havia tempo e que Alexandre Kalil sempre negava a viabilidade. O presidente afirmava que sem estádio não havia condições de montar um projeto decente. Agora, que o Atlético tem boas condições no Independência, nada mais natural que o sócio torcedor saísse do papel.

Durante meses a diretoria atleticana guardou em segredo como seria esse projeto. Alguns membros do staff alvinegro fizeram um estágio, o chamado benchmarking, com a diretoria do Internacional, para entenderem como o time gaúcho gerenciava o projeto dos sócios.

Depois de muito tempo, finalmente a diretoria atleticana anunciou o projeto sócio torcedor do Atlético, batizado de Galo na Veia. Contudo, para decepção da grande maioria da torcida, não é um projeto idealizado para a massa atleticana, e sim para um seleto grupo de pessoas que podem bancar o investimento necessário. Para participar do Galo na Veia, o interessado deve pagar R$ 35,00 de taxa inicial e R$ 200,00 por mês. Em troca, ele terá acesso a todos os jogos que o alvinegro for mandante, além de um cartão que o torcedor poderá acumular pontos e trocar por benefícios e que servirá como cartão de crédito. O mais curioso é que todos os sócios terão "Galo" como sobrenome. A novidade será para "poucos" atleticanos, já que serão apenas 5.400 unidades do cartão.



Nossa opinião:

Foi uma jogada FINANCEIRA genial do presidente Alexandre Kalil. O clube arrecadará R$ 1.080.000,00 por mês. O que dá R$ 12.960.000,00 por ano. Somando esse valor à taxa de adesão dos 5.400 sócios dá R$ 13.149.000,00 de arrecadação em um período de 12 meses. O valor é suficiente para contratar um ou dois jogadores de ponta para fazer a diferença no Campeonato Brasileiro (principal interesse da torcida).

E não tenha dúvida que o projeto será um sucesso e venderá os 5.400 cartões disponíveis. As pessoas pertencentes às classes sociais mais elevadas gostam dessa ideia de raridade, exclusividade ou simplesmente baixa disponibilidade. Essas pessoas vão adquirir facilmente as unidades disponíveis, ainda mais se ficar constatado que o serviço oferecido é de qualidade. Hoje em dia, no Brasil, há público para isso. Se o projeto fosse feito há 10 anos atrás seria um fracasso, mas hoje será um sucesso. Só para exemplificar, ano passado o Corinthians lançou uma edição limitada (com 1.500 unidades) de um livro custando a bagatela de R$ 15.000,00. Isso mesmo, 15 MIL reais. E as peças acabaram em menos de um mês. 

Alexandre Kalil, sempre alegre e sorridente, mostrando o cartão do Galo na Veia
As coisas mudaram no Brasil e hoje há um grande mercado para pessoas interessadas em produtos a um preço premium. Além disso, o Atlético vai trazer de volta ao Independência um público que estava sumido dos estádios, que preferia ficar em casa acompanhando os jogos pelo Pay Per View e agora vão ocupar um setor privilegiado no estádio. E ainda vai continuar tendo o "povão" nos outros setores das cadeiras, como sempre foi. Ou seja, o público deve aumentar. Segundo membros da diretoria, em apenas 3 horas mais de mil pessoas aderiram ao Galo na Veia. Às 13:00 de hoje, falaram que a cada hora, 360 pessoas estavam aderindo ao projeto. Se a procura tiver continuado dessa maneira, 15 horas depois do anúncio todos os 5.400 cartões já devem ter sido adquiridos.

Foi uma boa estratégia? Foi. Boa só não, excelente. Mas não era o que o torcedor comum esperava e ele pode ficar insatisfeito, pelo menos momentaneamente. Não é só o atleticano endinheirado que tem o direito de possuir um cartão de fidelidade do clube do coração. O torcedor que não é rico também queria ter um cartão para facilitar sua entrada no estádio, sem ter o aborrecimento de enfrentar filas e todas as outras vantagens de qualquer programa de sócio. Por isso que para a grande maioria dos torcedores alvinegros o anúncio Galo na Veia foi frustrante, pois eles esperavam por um programa bem mais acessível. 


O Atlético este ano não joga a Copa Sulamericana e se for mesmo eliminado da Copa do Brasil, o Galo na Veia valerá apenas para os jogos do Campeonato Brasileiro que a equipe for mandante. Ou seja, apenas 19 jogos. Considerando que faltam 7 meses para o ano acabar, quem adquirir o cartão em 2012 vai pagar R$ 1.435,00 para assistir 19 jogos. Isso se a pessoa for em todos, claro. O que da um valor de aproximadamente R$ 75,00 por jogo. 

Como vimos, ser sócio desse projeto sé um programa caro e completamente inviável para a grande maioria dos torcedores atleticanos. Acreditamos que a diretoria atleticana também esteja preparando uma outra modalidade de sócio e não divulgou agora justamente para valorizar o Galo na Veia. Caso contrário, a maior parte do torcedor tem o direito de ficar insatisfeito mesmo com o bom retorno financeiro para o clube. 


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